quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

HAPPY OLD YEAR

Chato tratar disto no primeiro dia do ano? Bem, para os habitantes da Faixa de Gaza e seus vizinhos próximos, o ano não acabou. Continuaram os conflitos sangrentos, reiniciados após breve pausa negociada. Isto se não considerarmos os 60 anos da criação do Estado de Israel e os 2 mil anos, no mínimo, de outros conflitos para trás... Trata-se de uma guerra, mas na qual a proporção de mortos é de um para cem, em desfavor do povo palestino.

O assunto é delicado, polêmico e passional. Não me furto: tenho simpatia à causa palestina, mas não aos métodos muitas vezes usados por seus próceres, não à barbárie e não aos crimes de lesa-humanidade, de lado a lado.

É também muito pessoal a visão que tenho a respeito do papel do povo judeu na atual questão palestina. E enfatizo: povo judeu e não povo israelense. Este deve ter todo o direito de defender-se, estão ali, a poucas centenas de metros de seus inimigos. Suas famílias e seu território estão, constantemente, ameaçados por grupos armados, em geral partidários do terror como método de luta.

Mas o restante do povo judeu, não-habitante do Estado de Israel e espalhado pelo mundo - mas ainda assim responsável por parcela importante do poder político daquele Estado; cumpre, na minha opinião, lamentável papel. Ora, nenhum povo, na história da humanidade, foi mais perseguido que o povo judeu. Vítima, inconteste, das piores barbaridades perpretadas por vários povos, não tem o direito, moral, de perseguir outro povo qualquer. Deveria ser o primeiro a propugnar e implementar uma solução, abrangente e definitiva, para a questão palestina.

Quem deve ceder, na minha opinião, é o povo judeu; mas não posso admitir o terrorismo como método de luta. A desumanidade lhe tira a legitimidade. E, de lado a lado, as decisões que resultam no sofrimento e morte de centenas, são mesquinhamente políticas.

Afora judeus e palestinos há muitos outros aspectos relevantes envolvidos na questão palestina. De geopolítica até os mais explicitamente econômicos ou de propaganda política. O resto do mundo também não é inocente.

12 comentários:

  1. Eu tenho uma visão muito particular sobre tudo isso que é uma milonga, mas resumo numa palavra. Atraso. E ainda se dizem religiosos.

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  2. Agradeço muito o comentário, japa.

    Difícil estabelecer qualquer forma de diálogo se as pessoas não comentamm...

    Acho que tenho visão mais materialista que a sua. Creio que eventuais questões religiosas não passam de mal disfarçados pretextos para a consecução de objetivos políticos e/ou econômicos.

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  3. mais de dois mil anos de lutas...que religião é essa?
    beijos

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  4. Ei Ju,
    ali o tempo sempre foi quente. Naquele pedacinho do nada, nasceram, como você sabe, as 3 principais religiões monoteístas.

    Mas, sinceramente, não creio que os aspectos religiosos do conflito sejam mais que apenas justificativas canhestras para interesses outros, bem mais objetivos...

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  5. Olá, RM:

    Meus pontos de vista sobre este assunto, para variar, divergem um pouco dos seus.
    Acho que Israel tem todo o direito de existir como nação, pois foi recriada em 1948 por decisão da ONU, com a concordância ampla da comunidade internacional. E tem todo o direito de se defender -- e de defender a sua população -- quando atacado pelos radicais que não aceitam a sua existência.
    E não existe esse papo de "uso excessivo" da força e do poderio militar. Aos inimigos, há que se derrotá-los, de preferência aniquilá-los, quebrar-lhes a espinha dorsal, se for necessário, para evitar novos ataques e atos terroristas no futuro.
    A proporção entre mortos de um lado e outro poderia ser até de mil por um que não mudaria o direito que um povo tem de se defender contra seus inimigos. O próprio Barack Obama disse que, se estivesse num local onde suas filhas pudessem ser alvos de foguetes e de bombas terroristas, iria fazer uso da força para neutralizar os agressores.
    Quanto à comunidade judaica internacional, o que ela tem que fazer é apoiar o estado de Israel e seu governo, de forma ampla, inclusive com recursos financeiros, na luta contra os radicais e intolerantes do mundo muçulmano.
    Abraços


    MR
    2/1 - 12:10

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  6. Vamos lá, decanão (ainda bem que somos amigos e tolerantes quanto à religião alheia, né? rsss):

    1) Claro que Israel tem esse direito; foi uma das maiores vitórias da humanidade a criação do seu Estado. Mas lembre-se que também tem o mesmo direito a Palestina, em grande parte ocupada à força pelo Estado inimigo.

    2) Também concordo que os ISRAELENSES tem o direito de se defenderem. Eu, se estivesse lá, mandaria chumbo. Mas não concordo que a comunidade judaica internacional (bem maior - e talvez mais poderosa - que a população israelense) proteja-se numa espécie de "omissão sorridente".

    3) Aliás, sobre o uso de métodos terroristas, sabe bem você que também foram amplamente usados antes (e talvez até depois) da criação de Israel, por grupos então sionistas.

    4) A chamada "comunidade judaica internacional" apóia e muito o Estado de Israel. É precisamente disto que reclamo: quem tem as marcas históricas da perseguição, do preconceito e do racismo não poderia tolerar atos similares cometidos pelos seus contra outros.

    Permita tentar avançar um pouco sobre a mera polêmica:

    1) Israel e Palestina estão entre os poucos Estados laicos daquela região. A política que você parece aprovar transformou em teocracias vários dos vizinhos daqueles dois países. A própria vitória do Hamas em Gaza é devedora dessa política estúpida. É apostar no "quanto pior, melhor"...

    2) Israel, naquele ambiente, pode ser considerado um país rico, muito diferente da Palestina. Seria o equivalente de uma guerra entre o Brasil e o Paraguai (ou a Bolívia). O custo da guerra, que não pode exterminar os inimigos, é infinitamente maior que o da paz.

    3) Aquele pedaço de chão, no meio do deserto, não vale MERDA nenhuma. Uma solução generosa e duradoura para o povo palestino (as vítimas dessa guerra) poderia ser implantada com relativa facilidade.

    Para tanto, julgo necessária uma mudança da visão estabelecida pelos meios judaicos internacionais, democráticos e esclarecidos e defensores de um Estado laico em Israel. O contrário é a manutenção da barbárie.

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  7. rm

    Muito triste essa guerra iniciada por Israel. E cadê o Obama que não se pronuncia? Os EUA sempre financiaram Israel, todos sabemos. Concordo com vc: tema pra lá que polêmico. Meu comentário será em tópicos.
    Tb sou simpática à causa palestina; sou contra o terrorismo e toda forma de fanastismo e radicalismo, acho que Israel deveria ceder. Há um livro básico da coleção Primeiros Passos, da jornalista Helena Salem, que li ainda na faculdade. Chama-se a O que é a Questão Palestina (Ed. Brasiliense). Fala da origem, da idéia de se criar um Estado Palestino e a influência da Inglaterra na época. Aborda a questão das resoluções da ONU, a criação da OLP, entre outros assuntos jornalísticos. Recomendo!
    Bjs

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  8. Ei Denise,
    fechamos nesse tema, então.

    Boa indicação para as pessoas se informarem melhor. Mas suponho que, de lá pra cá, as coisas ainda pioraram bastante...

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  9. Eu não entendo nem nunca vou entender, nem o jogo, nem o enigma que se tornou a questão da paz praquelas bandas.

    Claro que as razões principais de cada um dos lados são justas. Israel tem o direito de defender o seu território de ataques terroristas, o que não justifica os ataques aos civis palestinos e a luta do povo palestino para permanecer ou criar o território do seu Estado, exige solução, mas o impasse não se resolve com terrorismo de grupos radicais nem com guerras santas.

    Aconteceu com o povo árabe palestino o mesmo que havia ocorrido há dois mil anos com o povo judeu . Ora, como povos tão irmanados pelas tragédias, misérias e injustiças sofridas em guerras absurdas ao longo da história, de parte a parte em meio a instabilidade e tanto radicalismo e intolerância, ainda não têm condição de dialogar para um princípio de paz com justiça? Acho que os civis devem ter essa consciência, mas parece que as lideranças dos dois lados estão na disputa pelo poder; interpretam religiões e manipulam o sentimento coletivo pregando e alimentando o ódio em nome de deuses sem sentido e insanos.

    Concordo com você, RM, mas não no ponto em que externa simpatia ou posicionamento em favor de um ou outro lado em tais circunstâncias. O resto do mundo - nem a ONU - até agora não contribuiu em nada para uma que a justa paz no Oriente Médio pudesse ser alcançada e não creio que seja externando simpatia por uma ou outra causa que vamos nós oferecer alguma contribuição para esse evento. O resto do mundo tem o dever ético e moral de discutir a situação da maneira mais imparcial possível para encontrar uma solução pacífica e duradoura na relação entre judeus e palestinos, respeitando os ideais de justiça social e dos direitos humanos.

    Quando será?

    Feliz Novo Velho Ano!!

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  10. Cora,
    muito ponderado o seu comentário. Tenderia a concordar integralmente com ele, mas como afirmei de saída, sou simpático à causa palestina. O Estado de Israel existe, é autônomo, tem istituições democráticas consolidadas. A Palestina não. E a mesma resolução internacional que criou um também criou o outro.

    Também como falei, não há inocentes nessa história. Nem lá, nem no resto do mundo. Para não voltar demasiado tempo atrás; havia um claro alinhamento dos 2 lados, durante o tempo da bipolarização EUA versus URSS. Entre um e outro, inúmeros interesses geopolíticos e econômicos. O fato é que a tensão permanente no Oriente Próximo, favorece o controle das jazidas de petróleo, obrigando, por exemplo, alianças entre a Arábia Saudita e o Egito com os EUA.

    Claro que a solução de dilemas e conflitos obriga à imparcialidade. A rigor, todas as decisões internacionais são tomadas sob a égide desse princípio. No caso específico, Israel não as cumpre. Daí a necessidade da mediação pelos EUA ou União Européia.

    Queria apenas enfatizar, mais uma vez, que desconsidero questões religiosas neste conflito. E me posiciono favorável à causa palestina porque é este o povo vitimado e injustiçado pelo conflito.

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  11. Concordo contigo! A cultura de defesa está na gênese do "novo" Estado de Israel. A Europa com sua arrogância imperialista começou a bobagem e quando achou que tinha condições de resolver, piorou de vez. E o Ocidente fez vistas grossas para a "Guerra dos 6 dias", pois precisa de uma estratégia para estar constantemente no Oriente Próximo. Israel é sua seu plano.

    Adriano Tardoque

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  12. Adriano,
    bem vindo.

    É de fato muito complexa a situação política naquele fim de mundo...

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