terça-feira, 18 de maio de 2010

O PACIFICADOR


Curioso tema o dos títulos ou alcunhas (não raro, auto-impostos) de governantes, em geral soberanos acima das leis. Alexandre, O Grande; o maior conquistador da história, ao que tudo indica, não foi grande conquistador de mulheres: quem sabe não fosse assim tão "grande"... Filipe, O Belo (IV de França) consta, era feio pra dedéu! Já Ivan, O Terrível, era terrível mesmo...   

Não vou me arvorar a analisar o recente caso envolvendo o Irã, o Brasil e a chamada "comunidade internacional". Deve ser dos temas mais complexos e espinhosos da agenda internacional nos últimos tempos, o que, por si só, deveria bastar para um país sem qualquer tradição não se meter a intermediar um acordo. Mas independente do mérito que, confesso, não tenho a menor competência para avaliar; o episódio parece já ter gerado as conseqüências desejadas por alguns de seus atores. 

A exemplo de outras movimentações internacionais esta parece ter tido forte componente de política interna dos países envolvidos, que jogam mais para suas "torcidas" nativas. No caso do Irã, independente de se aprovarem novas sanções, o saldo é altamente positivo. A odiosa ditadura religiosa aparece para o mundo como vítima das potências imperialistas e portadora de uma boa vontade que nunca apareceu em inúmeras ocasiões nas quais descumpriu acordos. E internamente, o milagre: desestabilizado desde as recentes manifestações populares contra as últimas eleições, o sanguinário regime iraniano deve ganhar apoio generalizado diante da mais "nova" ameaça externa. E assim seguirá, com menor oposição, cometendo os crimes que o mantém no poder desde 1979: censura, perseguição, opressão, tortura e assassinato. Pior: Ahmadinejad também poderá almejar (ou seria alvejar?) o título de Pacificador do Irã...

Não é diferente o caso brasileiro. Pouco importam os desdobramentos que eventualmente advirão da questão iraniana. É plenamente exitosa a campanha presidencial: Lula é o mais popular líder político brasileiro da história. Interna e externamente. Mais um espetacular golpe publicitário que poderá gerar dividendos para eventual candidatura do político a alguma instituição multilateral e - principalmente - para a candidata a suceder o fenômeno de marketing.

Mas Lula não terá a exclusividade do título "O Pacificador". Já tem esta comenda o também brasileiro Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, patrono do Exército Brasileiro. Curioso o título para um militar? Caxias teve papel proeminente em todas as refregas militares do Império - que não foram poucas. Apesar do título caber bem à sua biografia é evidente que sob suas ordens muitas mortes ocorreram (à guisa de exemplo, foi o Comandante-chefe das Forças do Império na Guerra do Paraguai).

Bem, talvez Lula também tenha que conviver com algumas mortes, ainda que na distante Pérsia, atual Irã...

7 comentários:

  1. O Itamaraty já conheceu tempos melhores ...

    ResponderExcluir
  2. Virgem Mãe!
    Vc arrebentou!
    Essa foto no fim de minha leitura me pegou de calça curta imerso que estava em suas considerações aliás muito bem formuladas!

    O que posso dizer?...
    - É fod*.

    Como os reis e rainhas, de fato nossos (todos na verdade), governantes estão acima do bem e do mal. temos exemplos gritantes:
    Idi Amin, Selassiê, Hitler, Bush (diabólico), Suharto, e muitos outros mais. Até nos romances temos casos de governantes ursupadores como o rei (João?), que detonou o Robin Hood, né?

    Não pedi para o Inacio fazer muitas coisas como abrir as pernas pro Morales, mas, ele abriu.
    Não pedi pra ele emprestar a brana do erário pra outros países, mas ele emprestou. Não pedimos pra ele empregar essa multidão de gente, mas ele empregou. E por aí vai...

    Aqui, nesta dimensão, o bicho pega!

    ResponderExcluir
  3. Luiz,
    bem vindo.
    Acho que você está sendo diplomático. A turma que manda lá atualmente é um bando de porra-loucas!

    Anne,
    pois eu acho que ele é um tremendo canastrão... rss

    Sylvio,
    há algo que distingue estadistas de políticos medíocres: ética. Um verdadeiro estadista não aceitaria fazer "negócios" com esse regime criminoso...

    ResponderExcluir
  4. A ética é um princípio que muitas pessoas desconhecem ou esqueceram o seu significado... Tão triste isso!!! Sem ela não temos saída!

    Bjos
    Anne

    ResponderExcluir
  5. Ética!
    Como esperar isso do Inacio????Um cara que cortou o de do propositadamente para só sindicar e roubar?
    O irmão de um colega de firma do Inacio, me falou que ele não fazia porra nenhuma na fábrica, e que a suspeita de que tenha metido o dedo numa máquina é real.

    ResponderExcluir
  6. Nossa, que imagem mais chocante, Rm!! Aff...
    O pior de tudo, queiramos nós ou não, é que esta atitude do Lula, foi muito bem quista pelo resto do mundo... Aliás, graças a sua imensa popularidade, o homem tá sendo cultuado mundo afora... Believe or not believe!! rs
    Se vc não tem "cacife" pra analisar tal intermediação, que dirá euzinha?? rs Mas, que tá cheirando, tipo "sucesso quando sobe à cabeça", ahh, isto está mesmo!! O nosso irradiante Presidente, inegavelmente POPULAR, está maravilhado, extasiado, com sua imagem cultuada mundo afora e resolveu atrever-se, ainda mais, às suas peculiares gracinhas... Já repararam como ele fica mais atrevido e engraçadinho, sob os holofotes internacionais? Fica tão à vontade, que chega a irritar! rs
    Bela postagem!
    Bjs sumidos!
    Helô

    ResponderExcluir