A CRISE: ÓPERA BUFA - 2º ATO (3/4)

OS BOBOS DA CORTE



Definição, segundo a enciclopédia aberta Wikipédia: "Bobo da corte, bufão, bufo ou simplesmente bobo é o nome pelo qual era chamado o 'funcionário' da monarquia encarregado de entreter e divertir o rei e os áulicos. Dizia o que o povo gostaria de dizer ao rei e zombava da corte. Com ironia mostrava as duas faces da realidade, revelando as discordâncias íntimas e expondo as ambições do Rei. Em geral, era um indivíduo de grotesca figura - corcunda ou anão."

Tive grande dificuldade para escolher as personagens, não por escassez mas por excesso de oferta. Só no ministério, o maior da história do Brasil, havia meia dúzia de fortes candidatos... Na imprensa, principalmente na Folha de São Paulo, então! Como pode-se depreender, esta é a principal figura de uma ópera bufa, emprestando-lhe, pois, o próprio nome. Mas trata-se aqui de um tipo diferente de bobo, que nunca critica o rei, mas a quem o critica. Noutras palavras, trata-se de um bobo puxa-saco, nova invenção da esquerdofrenia brasileira. Nem por isso, entretanto, as "discordâncias íntimas e as ambições do Rei" deixam de ser reveladas...

Depois de muito refletir, lamento não poder prestar as devidas homenagens aos ministros Paulo Bernardo e Carlos Lupi, ao presidente do IPEA e ao jornalista Jânio de Freitas; mas fico com o corcunda (na forma de pensar) Guido Mantega e com o anão (literalmente) Paulo Henrique Amorim.


Bobo da Corte I: Henrique, O "anão"

"O que assusta mais: a crise ou a Miriam Leitão?", em 04/02/09 (mais aqui).
Claro, deselegante, além de bobo... O que assusta mais é um tampinha, no tamanho do jornalismo que pratica, ser reverenciado pelos, mais bobos ainda, apoiadores do atual governo; como se fosse uma voz sóbria e representativa da sociedade, contrária aos supostos "arroubos golpistas" da grande imprensa contra Lula. Pede pra sair, nanico!

"O mercado de automóveis está 'bombando'. Isso não é assunto que mereça primeira página… O PiG submete o Presidente Lula a uma crise apocalíptica desde que ele tomou posse. E quanto mais o PiG anunciar o fim do mundo, mais o eleitorado pode se apegar ao que já conhece – o presidente Lula. Aquele que deu prosperidade e distribuiu a renda com programas sociais. Se a crise for tão feia quanto pinta o PiG (**) , se o Brasil estiver à beira do precipício, é melhor ficar com o mal que se conhece do que com o mal que também se conhece: o desastre econômico que foram os oitos anos medíocres de Fernando Henrique e seu Ministro do Planejamento, Zé Pedágio …" , em 18/02/09 (mais aqui).
Aqui o bobo quer pautar as manchetes dos jornais. Só rindo mesmo...

"BNDES deveria cortar todos os créditos à Embraer", em 25/02/09 (mais aqui).
Revelado o puxa-saquismo escroto do anão. Queria retumbar as declarações estapafúrdias do presidente Lula, de que se sentia "indignado" com as demissões na empresa. Nem Lula as manteve; o bobo ficou com a brocha na mão...


Bobo da Corte II: Guido, O "corcunda"

"A economia brasileira não entrará em recessão. A palavra recessão serve para os Estados Unidos, para os países da União Européia e para o Japão. Mas não para o Brasil. Esperamos uma desaceleração, que se deu no último trimestre de 2008, e que deverá se acentuar no primeiro trimestre deste ano. No mês de janeiro, já pode ser vista alguma retomada dos investimentos privados", em 04/02/09 (mais aqui).
Ah, esse corcunda... Reparem, prezados leitores, que o ministro deve ter tomado umas e outras no dia em que deu essa simpática declaração: a desaceleração a que ele se refere foi uma porrada na casa dos 10% de redução da taxa de crescimento (expliquei essa conta posts atrás...); se ela deverá se acentuar no primeiro trimestre de 2009, logo, logo...

"É necessário conter o 'alarmismo' sobre a crise econômica. O momento é de ousadia. O Brasil, estará mais preparado para uma eventual retomada dos investimentos internacionais. O mercado interno mais forte que o de outros países é uma vantagem competitiva para o Brasil neste momento" (mais aqui).
As pérolas foram pronunciadas em almoço promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) e pela Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap), no último dia 12 do corrente. Como se vê, um público muito adequado como interlocutor do ministro da Propaganda Deslavada, digo, da Fazenda...
Vamos à análise de sua fala:
a) Alarmismo sobre a crise? Que crise? Quaquaqua!
b) Ousadia? Quaquaqua!
c) Eventual? Eventual? Quaquaqua!
d) Vantagem competitiva? Contra quem? Quaquaqua!
Desculpem, mas o ministro é mesmo muito engraçado...

"A economia brasileira, depois de sofrer um impacto no último trimestre de 2008, já dá alguns sinais de recuperação. A acomodação num patamar melhor do que aquele último trimestre e eu acredito que, gradualmente, ela vá recuperando o seu dinamismo, mas é só no segundo semestre que ela vai acelerar. De modo que nós vamos terminar o ano de 2009 com crescimento positivo. Quanto vai ser esse crescimento? Certamente mais do que a maioria das previsões que estão sendo feitas, e são pessimistas... Agora, esse crescimento vai depender da atitude que toda a sociedade brasileira tiver perante a crise, principalmente os empresários e os trabalhadores", em 13/02/09 (ouçam aqui).
a) Alguns sinais, como se depreende do último postinho (aqui).
b) A tese da "acomodação" é do Belluzzo, o canalha. No caso dele acomodou-se com a presidência do Palmeiras, já que não conseguiu, nem a pau (e graças a Deus) a do Banco Central...
c) Só no segundo semestre? Aguardemos, mas e os sinais?
d) Não vai ter recessão, mas, claro, depende dos empresários e trabalhadores. Também não vai chover, mas depende de São Pedro...
e) O resto do pronunciamento é um excelente exemplo de como não falar nada e mesmo assim tirar o fiofó da seringa: se crescer 0,1% é positivo, né?

Riam, enquanto puderem!
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