segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

IMPOSTURAS

“O mundo aprendeu a respeitar o Brasil."
(slogan criado para mais uma campanha publicitária do governo Lula)
O sombrio caso Battisti, emperrado pela inusitada declaração de asilo político ao extraditando italiano, causa estragos à imagem brasileira no exterior, mas não só:

- o Ministério da Justiça recebeu carta de apoio à decisão tomada, assinada por cerca de 90 "personalidades" ligadas à questão dos Direitos Humanos (leiam aqui). Tive o cuidado de fazer a leitura da lista de signatários e não reconheci um único famoso quem mesmo. Mas o português da Carta é sofrível, embora não tanto quanto os argumentos de guerrilha dos anos 60 (com ideologia dos anos 50).

- o ministro Tarso Genro afirma que o caso Battisti não é mais problema do Ministério (mais aqui). Cuma???

Ad eternum
- "Lula declara apoio a Evo Morales em referendo boliviano" (mais aqui). Entre as mudanças constitucionais aprovadas, está a possibilidade de reeleição para Morales.

- "Lula apoia proposta de Chávez de reeleição ilimitada" (mais aqui). Esta merece transcrição: Para Lula, não se deve comparar o projeto venezuelano com o Brasil, já que cada país tem seu próprio processo democrático. No dia em que o povo não quiser mais, ele não vai votar em você [dirigindo-se a Hugo Chávez], vai votar em outro e vai ser a mesma Constituição que vai permitir que possa ter mais de um mandato, mais de dois mandatos, mais de três mandatos. Para Lula, o Brasil ainda não está preparado para pensar em reeleição sem limites, pois tem uma democracia recente e disse não defender sua reeleição. “Eu não quero reeleição. O Brasil tem muito pouco tempo de experiência democrática consolidada. Obviamente que eu vou trabalhar para fazer o meu sucessor, para ter continuidade no programa que nós estamos fazendo”, afirmou. "Acho que nós estamos em um processo de construção, de fortalecimento das instituições no Brasil. Isso não impede que daqui a algum tempo apareça um partido político ou um conjunto de deputados que proponha mudar a lei que proíbe ter apenas uma reeleição, que pode ter três, quatro reeleições”, completou.
Claro, mas que blogueiro burro! O processo democrático na Venezuela (e na Bolívia) é muito mais consolidado do que no Brasil. De todo modo, ainda bem que o que é bom para a Venezuela e a Bolívia, não é sempre bom para o Brasil...

- Meu amigo Ricardo Soares pergunta se um terceiro mandato no Brasil seria golpe. Sim, Ricardo. Golpe de mão, no pior estilo udenista e capaz de fazer mais mal, institucionalmente, ao país que os desastres administrativos dos governos Lula.

Casa de ferreiro
"Presidente do PSDB afirma a Aécio que partido quer Serra" (mais aqui). Em troca propõe patrocinar uma emenda à Constituição acabando com a reeleição e aumentando a duração dos mandatos executivos para 5 anos. Diria que é uma proposta tão imoral quanto a mudança constitucional para permitir o terceiro mandato consecutivo de Lula...


ATUALIZAÇÃO (28/01/09 às 11:05 hs.)

Como o postinho só foi capaz de provocar comentários de 2 flores do jardim, recomendo àqueles que queiram mais informações sobre os assuntos tratados:
1) Caso Batistti - Marcos Rocha (aqui, aqui, aqui e aqui); Patty Diphusa (aqui).
2) Imposturas do PT e do PSDB - Ah, deixa pra lá...

Gracias e hasta la vista!

15 comentários:

  1. Rm
    Mas e quando o Brasil pediu a extradição do Cacciola e a Itália não liberou? Anos e anos e foi preciso muito investimento e investigação para prendermos o ladrão em Mônaco? O que vc me diz disso?
    Bjs

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  2. Denise, querida,
    nenhum país do mundo extradita seus naturais (o banqueiro bandido tem dupla nacionalidade); só a Colômbia e mesmo assim apenas os grandes traficantes internacionais, para serem julgados nos EUA.

    Agradeço muito a disposição ao diálogo; você é uma flor...

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  3. Oieeeeeeeeeeeeeeeeeeee.....

    Tá vendo como venho até as montanhas?! rs

    bjs

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  4. Não me diga que você também é boa de trepar (montanhas, claro...)?

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  5. Grande RM:

    Estou chegando à Serra do Curral com algum atraso. O tempo anda curto e escasso.
    Agradeço os links para os posts que escrevi sobre o caso Battisti que vai terminar, no que se refere ao Brasil, com uma decisão do STF favorável ao assassino e terrorista, na semana que vem.
    No que se refere à Itália, haverá retaliações. E uma delas poderia ser bastante emblemática: a cassação da cidadania italiana da Primeira Perua Marisa Letícia Lula da Silva e da sua "primeira família" (acho que não inclui o Apedeuta, porque pegaria mal a um presidente pedir a cidadania de outro país, embora, na condição de marido, ele tenha direito a ela).
    Mas os italianos, tutti buona gente, não devem fazer isso. Eles são educados e não levam a questão para o plano pessoal. Mantêm-na no plano político e institucional entre dois países.
    Vão se limitar a retaliar no âmbito do G-8 e do G-20.
    Aguardemos o desenrolar desse "imbroglio"...

    Abração,

    MR
    28/1 - 11:54

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  6. Também, RM,

    Para um país que não pune nem os criminosos da ditadura que cometeram crimes de lesa-humanidade, militares ou não, e no qual a tortura continua sendo um problema sério... o status de refugiado político a Cesario Battisti deve abrir precedente para o Osama e outros terroristas internacionais...
    Mas, afinal, o Brasil é um país sério com sérios problemas. É sério!!!

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  7. Dom MR,
    eu que agradeço a gentileza do comentário e as ótimas matérias que você tem postado, independente de concordância...
    Mas o STF não pode fazer outra coisa, o governo brasileiro deu asilo ao sujeito. Não cabe ao STF interferir em decisão autônoma de outro poder.
    Isto precisa ficar claro para que não se intente (e vão tentar, tenha certeza) dividir o ônus da cagada.

    Dona Cora,
    desculpe a burrice do blogueiro, mas pelo que me consta há uma lei de anistia vigindo no país. Até tenho uma opinião parecida com a sua, mas dada esta premissa fundamental.
    Não, desde De Gaulle este não é, realmente, um país sério...

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  8. Este caso do Italiano é bem a cara do atabalhoamento da interpretação das leis. Vai dar m....a, fezes msmo.

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  9. Há controvérsias a respeito da interpretação da Lei de Anistia, RM.
    Justamente, na caracterização de crime de tortura. Um lado defende que tortura se enquadra na categoria de crimes políticos, anistiados. Outros, entre os quais me incluo, afirmam que tortura é crime contra a humanidade e, portanto, não prescritível nem anistiável.

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  10. Hei. me gusta la fotito... rs

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  11. Valério,
    já deu, meu caro. E com todas as letras. Só que suspeito não ter sido uma questão de interpretação de leis, mas de lobby mesmo.

    Aliás, alguém aí sabe informar por que o senador Suplicy não tem sido questionado sobre o assunto? E o ex deputado petista, quase presidente da Câmara Federal e ex presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Luís Eduardo Greenhalgh?

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  12. Dra Corinna,
    se eu tivesse juízo evitaria debater o assunto com a senhora, advogada militante e muito mais equipada, intelectualmente, que eu para abordar o tema. Mas...

    1) Tendo a concordar com a senhora. Deveria ser mesmo crime imprescritível, porque anistiado já foi, de fato.

    2) O caso a que se refere é agravado por ter sido cometido em nome do Estado e acobertado por ele. Pior ainda: o poder desse Estado não havia sido concedido; foi usurpado, através de um golpe militar.

    3) Entretanto, vivemos em regime de direito. A Constituição vigente "encampou" a lei de anistia ou ao menos não a rejeitou.

    4) Assim, até quando a Justiça não se pronunciar sobre esse tema, se é que o fará, a Lei de Anistia é válida. Ainda que este mesmo ministro de merda da Justiça desejasse o contrário.


    Gostou? É vero? Obrigado... rsss

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  13. Pois é, RM

    A polêmica está na pauta do STF para este ano:-
    A ação proposta pela OAB para que a Corte declare expressamente que a legislação brasileira da anistia não se aplica nem beneficia pessoas - civis e militares, que praticaram crime de tortura durante a ditadura militar.

    Mas o Brasil é a vergonha da América Latina porque é o único país que não reviu a Lei de Anistia, de 1979, aos torturadores no período negro da nossa história, a exemplo do que fizeram Chile, Argentina, Uruguai e Peru.

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  14. Mas a senhora, frequentadora assídua de tribunais, sabe bem que uma coisa é estar em pauta; outra, bem diferente, é julgar-se a matéria. Pela delicadeza do tema não faltarão adiamentos e pedidos de vista, pode escrever.

    Acho prudente: tem faltado debate sobre o assunto, que é polêmico, pra não falar explosivo.

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  15. E você não economiza mesmo, heim!!! rs

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