quinta-feira, 2 de abril de 2009

G-20 (E OUTRAS BOBAGENS)

A PEDIDO DA LEITORA MAIS QUE ESPECIAL, UDI TARORA


As principais intituições multilaterais, como o FMI, o Banco Mundial e a Organização Internacional do Comércio foram criadas a partir das bases estabelecidas na Conferência de Bretton Woods, em 1944. Foi necessária uma guerra mundial para viabilizá-la...


Famoso quem mesmo?
O chamado G-20 é composto dos ministros das Finanças e dos presidentes dos Bancos Centrais de 19 países, além do presidente do Banco Central europeu. Também tem assento, ex-officio, os dirigentes das instituições financeiras multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial.
Representam cerca de 90% do PNB, 80% do comércio e dois terços da população mundiais. Os países representados são: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coréia do Sul, EUA, França, Índia, Indonesia, Inglaterra, Italia, Japão, México, Rússia e Turquia, além da União Européia (site oficial aqui).
Trata-se, como é fácil perceber, de um grupo bastante heterogêneo, cabendo aos chamados países desenvolvidos o grosso dos referidos índices de riqueza e comércio e aos demais, especialmente os chamados BRICs (Brasil, China, Índia e Rússia), a representação populacional...
O grupo foi formado a partir das crises financeiras da presente década e tem objetivos concorrentes com os demais organismos financeiro-econômicos internacionais.

Crise? Qual crise?
É certo que a eclosão da presente crise financeira explica-se pelos acontecimentos no mercado secundário de hipotecas dos EUA e sua transmissão, via mercados financeiros, para o resto do mundo. Mas além de expôr a "globalização financeira" a crise desnuda, mais uma vez, o que já se conhece desde fins dos 60, quando a moeda americana perdeu a conversibilidade em ouro: o modelo de organização (econômica) do planeta, baseado no dólar americano e engendrado em 1944, em Bretton Woods, deu água.
Concretamente: há cerca de 10 anos a economia americana representava algo em torno de 33% da riqueza do planeta. Hoje representa cerca de 22%, sendo que esta diferença pode ser creditada, basicamente, ao desempenho da economia chinesa, fortemente credora, em dólares, dos EUA. Para simplificar (mais ainda): os americanos viveram, nos últimos dez anos, às custas da poupança chinesa. Parte desse "crédito" será, necessariamente, queimado, qualquer que seja a forma de ajuste da economia americana.
Este é, mais ou menos, o tamanho do problema a ser resolvido. Só não se deve esquecer-se que Bretton Woods sucedeu a uma guerra mundial...

Muito trololó e pouco nheconheco
A verdadeira reunião do G-20, com os ministros das Finanças, antecedeu em algumas semanas esta reunião de cúpula hoje realizada. Como de costume, reuniões de chefes de estado tem caráter meramente publicitário, cada qual jogando para a própria torcida
Nesse aspecto pode ser considerada bastante exitosa a reunião: o anúncio de uma série de "medidas" (basicamente da intenção de adotá-las, posto que demandarão vários meses para se concretizarem, se é que de fato serão tomadas) impactou positivamente bolsas ao redor do mundo e a opinião pública mundial.
E só!

Muito importante
Os meios de comunicação, brasileiros, tem destacado o "importante" papel desempenhado pelo Brasil na reunião do G-20. Cá pra nós, sabem o que o Brasil representa em termos de comércio internacional? Não? O expressivo índice de 1,7% do total do comércio mundial...

Muito importante II
É tão importante que vai ajudar a bancar a capitalização do FMI... Aquela "gente branca, de olhos azuis..." deve estar morrendo de rir!

Muito importante III
E por falar em "gente branca, de olhos azuis...", viram o presidente Lula do ladinho da Rainha Elizabeth II, na foto oficial do "evento"? Será que é ela a culpada? Heim, heim?




.

23 comentários:

  1. olhos claros sugestivos...

    ResponderExcluir
  2. Luiz Inácio "Lula" da Silva -

    "This is the guy! I Love this guy!"

    ResponderExcluir
  3. Tetê,
    será, nega? Antigamente, nos romances policiais ingleses, o culpado era sempre o mordomo. O mundo está perdido... rss

    Cora,
    se um negão falar isto comigo, eu saio correndo. Eu heim?

    ResponderExcluir
  4. ... sai correndo ao encontro do negão? ...hihihi

    ResponderExcluir
  5. Por que a pergunta, Cora? Foi o que o presidente Lula fez? Uia! rss

    ResponderExcluir
  6. No creo!

    Sai correndo ao encontro do Lula?? Uia!

    ResponderExcluir
  7. Bem, segundo o negão, o presidente brasileiro é um "boa pinta"! Mas acho que não faz meu tipo... rss

    ResponderExcluir
  8. ...huáhuáhuá! dá prá falar sério aqui?! ...mas antes, Érre: qual deles não faz o seu tipo? ...e só mais uminha, vai?: cê gostou do meu sobrenome, né? Udi é muito curtinho?

    Ei Érre: uau! Uma Super Aula! arrasou! Nem vou precisar de desenho (...risos!). Mas se o leitor não te conhece e segue apenas os subtítulos, não vai achar que o assunto é sério (são muuuuito bons! ...começo a reconhecer um estilo). A explicação da relação Estados Unidos/ China é muito esclarecedora.

    Mas aí vão as minhas questões:
    - ter uma participação inexpressiva no comércio internacional não seria uma vantagem nesse momento da m... rolando? é por isso que "demorou" um pouco mais pros efeitos aparecerem aqui?
    - capitalização do fmi: e isso agora?! se eu já estava chocada com a possibilidade de alguém poder tirar alguns trilhões de dólares "debaixo do colchão", pode imaginar a minha cara em saber que o Brasil também vai "dar" $ pro fmi?

    Olha, beibi, a sua explicação é claríssima! Agradeço muitão mas, francamente, como entender isso?!

    Vou repetir a imagem: acabou o pão mas ainda tem brioche. Acabou o feijão mas ainda tem caviar.

    ResponderExcluir
  9. Vamos lá, dona Maria Udi:

    1) Falar sério? Ah, aí é com a Cora...

    2) Pra falar a verdade, nenhum dos dois. Confesso: entendo nada desse assunto, mas se Lula é boa pinta, eu devo ser bonito pra caraca...

    3) Gostei. Acho sonoro e bonito. E Udi é curtinho mesmo. Você prefere que eu a trate só de Udi?

    4) Ué, o assunto é sério? rss

    5) Não creio que seja exatamente uma vantagem, mas é claro que países (tais como os "tigres" asiáticos) nos quais o comércio exterior representa grande parte do PIB, os efeitos serão piores.

    6) Também não creio que os efeitos demoraram para chegar ao Brasil; basta ver os números do último trimestre do ano passado. Mas, óbvio, foram menos intensos por causa da melhor situação de nossas contas externas, em relação à outras crises recentes. Mas isto não dura pra sempre não, viu Udi!

    7) O Brasil "sempre" colocou dinheiro no FMI. Por definição, só é "sócio" do Fundo quem banca a brincadeira. No caso americano, como eles pintam papel e o chamam de dólar, esta tarefa é relativamente simples.

    Caraca, Udi: cê faz perguntas, heim nega? rss

    ResponderExcluir
  10. (Érrezinho, cê sabe como eu prefiro ...risos!)

    ...tentando não perder o foco:
    Moço esperto como é, já deve ter percebido que a minha grande questão é com relação à afirmação de que as medidas tomadas impactaram positivamente nas bolsas...blablabla mas e os milhares que já perderam emprego, etc, etc...

    não queria polemizar tanto (acho uma chatice!) mas talvez a imagem que eu coloco no final do comment anterior devesse vir com interrogações também.

    e você? acredita que essas medidas são a saída?

    ResponderExcluir
  11. Sei? rss

    Não, Udi. Infelizmente sou velho o bastante para já ter visto filmes similares muitas vezes.

    De concreto mesmo só tem o US$ 1 tri para o FMI e o BIRD; que não é desprezível, claro. Os focos são o leste europeu, o sudeste asiático e a América Latina (parece que o México, que é uma economia importante, já foi pro saco) de um lado e; de outro, a tentativa de restabelecer linhas de financiamento do comércio mundial.

    O resto (o aumento da regulação dos mercados financeiros e a reestruturação da organização monetária mundial) são meras intenções, que deverão passar pelo crivo dos respectivos parlamentos, enfim, não são medidas de emergência. E a situação atual é de emergência.

    Com todo esse trololó, os meios de comunicação não-especializados acabaram dando pouco destaque para uma medida tomada nos EUA, que talvez tenha efeitos práticos também muito importantes: permitiu-se que os bancos se livrem de efeitos negativos em seus balanços adotando-se metodologia distinta do que vigorava.

    ResponderExcluir
  12. ...sabe! :)

    Então, Érre! pode não ser a opinião mais agradável mas é a realidade... e era isso mesmo que eu estava buscando de um especialista. Podemos não ter as respostas sobre como sair disso mas também não estamos iludidos e isso já é um bom "adianto" na vida.

    Aliás, esqueci de comentar a foto: ótima escolha... é hilária! Eu tinha visto no jornal, em proporções maiores e, mais hilária ainda dever ter sido a minha cara olha o Lula, olha a Beth/ olha o Lula, olha Beth... e... "what a hell is that?!".

    Mas veja que, para além de todas as decisões que foram tomadas neste G20, a foto dos caras diz muita coisa: não estou sendo racista, mas os matizes de cores nessa foto mostra boas mudanças no mundo... ter o Lula-lá (o símbolo), ter um negão onde sempre houve um par de olhos azuis (e era disso que a Maureen tratava no artigo no NYT) também é outro sinal de mundaça e... last, but not least: uma outra mulher que não a dona Beth! O mundo mudou, mudou... até no shape dos poderosos.

    Eu não me iludo, mas não deixo de ter esperança.

    obrigada pela atenção.

    ResponderExcluir
  13. mundança? ...também pode, né? mundança como mudança mundial.

    ResponderExcluir
  14. Udi,
    não li esse artigo, só o outro. Tendo a concordar, embora esse grupo de representantes sempre aquarele uma reunião, dadas as diferentes procedências étnicas.

    Mais que isto, também é verdade que a força relativa dos grandes diminuiu, o que é bom (creio, pra todos).


    Quanto à participação feminina, tirando a rainha (que é intocável... rss) acho que sobra apenas a presidente da Argentina (apesar de meio bregona). Porque aquela chanceler alemã, com todo o respeito, eu passo! rss

    ResponderExcluir
  15. afe! meu comentário sumiu... faltou logar (...ai que preguiça!) havia feito uma graça com o seu comentário sobre a chanceler alemã x presidente argentina. Francamente, ÉrreEme! :)

    esse post não deu ibope... eu sou assim, completamente contra a corrente.

    ResponderExcluir
  16. Não me preocupo muito com o ibope não, Udi. Não ganho dinheiro com esse blog...

    Mas a qualidade da conversa foi muito boa. Thanks!


    (ah Udi, aquela alemanzona não dá jogo não... Prefiro a rainha... quaquaqua)

    ResponderExcluir
  17. com a rainha seria algo assim... vouyer
    ;)

    eu que agradeço, beibi!

    fica aí um link interessante que, para minha organização nesse assunto, complementa a sua cuidadosa explicação:
    http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=15900

    ResponderExcluir
  18. os jornais daqui só anunciavam os elogios de Obana para Lula. as questõescentrais se dissolveram na exaltação...inda bem que seu blog me informa!!!!
    beijoooooooooO

    ResponderExcluir
  19. Taí .. você tocou num ponto importante. E é o primeiro que eu vejo fazer isso no meio de tantas e tantas matérias sobre a crise.
    O fim da "conversibilidade" possibilitou a alavancagem dos ativos e a geração de moedas virtuais, que é a origem dessa crise em particular, do ponto de vista exclusivamente financeiro.
    E também explica porque é que outras virão.
    É assim que se faz dinheiro hoje em dia.

    ResponderExcluir
  20. Ei Udi,
    li o artigo do velho e respeitável professor marxista Chico de Oliveira. Concordo no essencial, mas o problema do autor de "Crítica à Razão Dualista" é que suas análises já tem, sempre, conclusão antes de serem formulados os argumentos: trata-se, invariavelmente, de uma crise de superprodução (ou de realização, para usar o jargão marxista) capitalista.

    Ju, gatíssima,
    disponha. Mas é sempre bom variar de jornais...

    Flávio,
    bem vindo!
    Não diria que é a origem dessa crise em particular. Utilizei-a apenas como exemplo de que os desajustes da economia americana e do sistema financeiro-monetário internacional, vem de longe.
    Claro que o mundo mudou bastante dos anos 60 pra cá e, com ele, as formas, os fluxos e, principalmente, a velocidade dos movimentos financeiros.
    Mas uma coisa é certa: se a economia mundial está montada em uma determinada moeda (meio de troca e reserva de valor) e a economia do país que a emite vai mal, bem...

    ResponderExcluir
  21. Vocês que pensam que não deu Ibope..
    O problema é que enquanto você respondia as perguntas da querida Udi, a gente (euzinha rs) prestava atenção e aprendia!!!

    Mas, eu estava aqui acompanhando o debate mais que produtivo!

    bj pros dois... e demais também! rs

    Maroca

    ResponderExcluir
  22. Ei gatona,
    cê tava escondidinha aí, heim levada? rss

    ResponderExcluir