sábado, 30 de outubro de 2010

GOVERNO LULA: FALSIDADE IDEOLÓGICA (2/4)

EDUCAÇÃO NO GOVERNO LULA






Conforme prometido (ver aqui) dou seqüência à análise das principais políticas sociais do governo Lula e pretendo demonstrar, neste post, como foi equivocada e pobre de resultados aquela que é a principal prioridade na opinião da maioria dos brasileiros: a política de educação.

Como diz a escritora Ruth Rocha, não são os governos mas a democracia que responde pela melhoria dos indicadores sociais do Brasil de meados da década de 1980 para cá. Mas há governos que tiveram desempenho muito melhor que outros. Praticamente todos os indicadores relevantes da educação melhoraram muito mais no governo FHC do que no governo Lula. Isto vale, em especial, para evasão escolar, acesso à universidade e índice de analfabetismo (aqui para dados oficiais), entre outros mas, principalmente, para a universalização da educação. Para se ter clareza: de 1980 para 2000 subiu de 80,9% para 96,4% a matrícula no ensino para crianças entre 7 e 14 anos. Entre 15 e 17  esta taxa subiu, no mesmo período, de 49,7% para 83% (fonte daqui).

Talvez a principal característica da educação no período FHC tenha sido a inversão do histórico privilégio dado pelo poder central ao ensino superior em detrimento do ciclo básico. Pois bem, ao invés de intensificar a mudança, de caráter democrático, o governo Lula retrocedeu e voltou a dar maior importância - e recursos - à pequena elite que chega ao ensino universitário. É o contrário do que apregoa em propaganda e publicidade. Fazem parte desse esforço reacionário programas de bolsas a estudantes em universidades privadas, criação de novas universidades federais e estabelecimento de cotas de caráter racial, entre outros. Com isto Lula corteja corporações e se omite em relação ao ensino fundamental e médio.

Faz todo o sentido que Dilma, candidata do atual regime, estabeleça a melhoria da qualidade na educação como prioridade: a qualidade caiu nesses anos ou, na melhor das hipóteses, não melhorou. A escolaridade média não passa de 7 anos no país, quando é de cerca de 12 nos EUA e na Coréia do Sul. O sistema de ensino público brasileiro foi o pior colocado em um estudo promovido pelo Banco Mundial para avaliar os chamados países emergentes. Ranking produzido pela UNESCO em 2006 colocou o país na 72º posição, num total de 125 países, no que se refere à qualidade. Para o Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (PISA), o Brasil está em último lugar em leitura, matemática e ciências. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) sobre América Latina e Caribe a educação no Brasil é pior do que a de Paraguai, Equador e Bolívia (fontes daqui e daqui).

Um grande número de pesquisas já quedou demonstrado, há muito tempo, a estreita correlação entre baixos índices educacionais e desigualdade social. Apesar da melhora recente o Brasil é ainda um dos países mais desiguais do mundo. Se não investir adequadamente, em quantidade e qualidade da educação básica, haja Bolsa-Família para melhorar algo mais...


Nota: ainda hoje pretendo escrever sobre a saúde pública no governo Lula.
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8 comentários:

  1. Fechei contigo. A estreita correlação entre baixos índices educacionais e desigualdade social é enorme, mesmo.

    "Apesar da melhora recente o Brasil é ainda o terceiro país mais desigual do mundo. Se não investir adequadamente, em quantidade e qualidade da educação básica, haja Bolsa-Família para melhorar algo mais..."

    É preciso mais, muito muito mais! Parabéns!

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  2. Ah, então? Depois daqueles breves desencontros vamos nos conhecendo melhor... rss

    Agradeço muito o seu simpático comentário e espero vê-la de volta aqui nesse bloguinho...

    Ah, e que lindo nome!

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  3. "O sistema de ensino público brasileiro foi o pior colocado em um estudo promovido pelo Banco Mundial para avaliar os chamados países emergentes. Ranking produzido pela UNESCO em 2006 colocou o país na 72º posição, num total de 125 países, no que se refere à qualidade."

    Concordo em tudo,Roney, aqui em Carmo do Paranaíba, MG., a principal Escola Estadual não tem na grade escolar do 3º ano do ensino médio matérias como Geografia, Inglês ou Espanhol...Semana que vem esses alunos farão o ENEM...que Deus os ajude!

    Parabénspelo artigo.

    Abraço!

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  4. rsrsrs, Vc nunca soube? Sempre falei desta minha sina horrível... Meu nome é um apelido. :S
    Mas fico feliz que mais q findo aquele mal entendido do cão, que, como vc percebue, me carregou de culpa por tempos até a absolvição total (rs!),tenhamos mesmo é encontrado posições políticas semelhantes. Isso #naotempreco.
    Nem sempre posso ler os posts, mas geralmente, se há espaço para comentário, acho fundamental! :D
    Bjk, Vany

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  5. Parabéns pelo texto! As estatísticas estão aí para nos envergonhar dessa triste posição q ocupamos na A.Latina e no mundo. É difícil imaginar q na grade escolar do 3° ano do ensino médio de uma escola não seja ensinado geografia e nenhuma língua estrangeira (como disse Junia em seu comentário). Será q faltam professores? Eles deviam ser mais valorizados e ter melhores salários. Há q se investir mais tb em sua formação e reciclagem.

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  6. Júnia,
    agradeço o simpático comentário. E como esse governo pode se vender como "social"?

    Vany,
    eu achei, sinceramente, muito bonito seu nome. E você é sempre bem vinda aqui, comentando ou não...

    Tânia,
    agradeço o gentil comentário. Claro que estamos de acordo...

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  7. Interessante esse cotejo de dados, pois o que entende é que houve "melhor" acesso ao ensino superior, via cotas, o que não podemos entender como avanço, e sim retrocesso. Não é meritocracia entra em universidade em função da cor da pele, é racismo. A questão do ensino e sua deficiência é a de sempre: questão de base, o ensino básico e sua qualidade. Tanto se fala em São Paulo, mas se no Estado mais rico da nação a qualidade é contestada, o que dizer do País? E outra questão, relevante no artigo, é o tempo em que os alunos passam na escola.Entram tardiamente para sairem o quanto antes. De fato, se assim ficar, o Bolsa Família será ad eternum.

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  8. Ei Adriana,
    agradeço muito o simpático comentário. Como jurista você acha que podemos processar o atual governo por falsidade ideológica? rss

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