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quarta-feira, 12 de novembro de 2008

ALLEGRO MODERATO

Talvez fosse desse modo que devesse me sentir hoje, ao completar 46 anos. Mas confesso que deixei de dar importância à estas datas e à própria contagem, há muito tempo. Pessoalmente sinto-me exatamente como ontem e, provavelmente, tal qual me sentirei amanhã. Nem alegre nem triste, como dizia a poeta - e imoderadamente.

Mas se voltar bastante no tempo, talvez não encontre muitas diferenças em relação ao que fui e, quem sabe, ao que serei. No espaço de comentários de post anterior, não precisei fazer muito esforço para me lembrar do que fazia em 1978, quando nascia uma das gatas da confraria. Há exatos 30 anos, eu tinha exatos 16 anos e, pelo que me recordo, ainda me identifico muito com o cara que fui.

Abaixo, uma foto daquele ano. Reparem nas grossas lentes de intelectual...

Já o país mudou bastante. Naquela época vivíamos ainda sob as sombras do regime militar, discricionário e opressivo. Havia forte censura aos meios de comunicação e, pasmem, alguns livros eram proibidos. No mundo, outra crise, a do petróleo, servia para expor parte de nossos frágeis fundamentos econômicos.

As coisas só começaram a mudar, de fato, em 1982 com a eleição direta de governadores e em 1985, com a eleição (ainda indireta) presidencial de um opositor ao regime. No meio do caminho: anistia, Riocentro e diretas-já. Bem, aí foi um porre (de liberdade e de alegria) e como em todo porre diz-se e faz-se além da conta, sem moderação.

A crise econômica interna também se instalou de vez e demoramos mais para nos livrarmos dela que da famigerada ditadura de 64. O país estacionou mais de 20 anos. Em compensação elegemos uma Constituinte e promulgamos nova Constituição (há exatos 20 anos atrás), democrática. Não há mais livros proibidos no país, embora não sejamos - ainda - um povo que cultiva a leitura. Há eleições livres e diretas, em todos os níveis; os direitos fundamentais da pessoa humana estão consagrados na nossa Carta, ainda que nem sempre na prática. Um líder sindical, que seria preso mais ou menos naquela época, foi eleito Presidente da República. E governou, por 2 mandatos seguidos, sem tentativas de golpes. Amadurecemos.

Amadureci (ma non troppo). Esse cara aí embaixo sou eu, com inacreditáveis cabelos de hippie... Eu que passei boa parte da vida de terno e gravata...


Bem, o presente vai pra mim mesmo. Outro dia, a moça que sucitou essas pequenas memórias, postou sobre a importância da música na vida dela. E perguntou aos leitores qual seria sua música predileta. A minha é esta: "Saudade do Brasil", um pequeno concerto de Jobim, que me fala mais de um país que não cheguei a conhecer, mas que vive nos meus sonhos.



Vou jantar fora. Obrigado aos que passarem por aqui e até amanhã.


ATUALIZAÇÃO (13/11/08 às 21:10 hs.)

Amigas(os), profundamente sensibilizado pelas manifestações de apreço e estima (apesar de algumas ausências também bastante sentidas), lamento a exagerada virtualidade das relações. Estivéssemos ao vivo e a cores, mandaria servir uma Periquita aos amigos e um Pinto às queridas amigas...
Se bem que, hoje em dia, a gente nunca sabe mesmo a real preferência das pessoas, né? rsss
Então, fiquem à vontade para, entre o Pinto e a Periquita, escolherem o vinho que mais apetecer...

Já a Cora revelou certa preferência definida e atendendo ao seu singelo pedido, apresento a seguir o primeiro (e único... rsss) da série "RM em pedaços".
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Salute!