Liberdade religiosa é o paraíso (fiscal)
O novo processo aberto pela Justiça contra pessoas ligadas à IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), inclusive o seu líder máximo; recoloca antigas e espinhosas questões de direito, às quais nem sempre o regime democrático é capaz de responder.
Ninguém minimamente informado pode ter dúvida quanto ao caráter venal dos dirigentes da tal Igreja, mas quem garante que artifícios semelhantes não sejam usados por outras organizações religiosas?
Seria cômico não fosse trágico: uma das seitas que mais pregam a intolerância reclamando de perseguição religiosa...
Estado laico?
Até a proclamação da República, há 120 anos, os religiosos (católicos) eram funcionários públicos e o imperador representante do Papa. Depois de todo esse tempo, a população brasileira (mais que decuplicada) permanece majoritariamente cristã e hegemonicamente católica. Entretanto, algumas minorias religiosas reclamam do uso de símbolos cristãos em prédios e instituições públicas. Salvo engano, já obtiveram respaldo judicial nos estados do Piauí e de São Paulo, devendo, nos próximos tempos, as demandas atingirem as esferas superiores do poder Judiciário...
Na Europa, ao menos em França e Espanha, já existem leis que proíbem crucifixos nas escolas e repartições públicas. A justificativa, virtualmente incontestável, é a de que, sendo laico, o Estado não deve expressar preferência religiosa.
Liberdade religiosa ou de imprensa?
Mas por que o mesmo argumento não é utilizado em relação às concessões públicas de radiodifusão? Afinal foram concedidas pelo mesmo Estado laico...
Fato é que a recente polêmica gerada pelo novo processo contra os bispos da IURD tem se caracterizado mais pelas disputas empresariais dos grupos de comunicação Record e Globo, que por aspectos legais e menos ainda, religiosos.
Liberdade nada; é censura mesmo!
Intolerável é a decisão de um juiz federal que impede o jornal O Estado de São Paulo de publicar matérias sobre os escândalos que envolvem um dos filhos do presidente do Senado, coicidentemente empresário do setor de comunicação.
"Excesso" de liberdade
Já o presidente da República afirma duvidar que a ministra-chefe da Casa Civil tenha pressionado a ex-superintendente da Receita Federal para engavetar as investigações contra o mesmo filho do mesmo bigodudo. Disse sua excelência que tais expedientes não fariam parte da "formação política" da ministra e candidata à presidência da República. Ora, claro que não: a ministra, ao que consta, só participou de sequestros e roubos à bancos...
Por hoje chega. Pausa para música
Mas no espírito do post. Outro dia ("dia dos pais") a parceirinha Udi Tarora desenterrou uma antiga e linda canção de Cat Stevens, aliás, Yousuf Islam (vejam aqui). A conversão ao islamismo interrompeu a carreira do astro pop por cerca de 20 anos, período durante o qual o cantor britânico dedicou-se à obras de caridade, um dos pilares dessa religião. Depois de envolver-se em uma infeliz polêmica sobre o caso Salman Rushdie, redimiu-se recriminando o terrorismo religioso e dedicando-se às causas de povos muçulmanos oprimidos por guerras. Voltou à carreira artística recentemente, mas sem o mesmo brilho; prefiro as canções antigas:
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