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sábado, 2 de maio de 2009

"'Aquilo' sim é que era mulher"

Comemora-se hoje o centenário de nascimento do grande compositor brasileiro e mineiro (de Miraí), Ataulfo Alves (mais aqui). Dono de alguns dos maiores sucessos do samba de todos os tempos, como Mulata Assanhada, Atire a Primeira Pedra e Ai, que saudades da Amélia (as duas últimas em parceria com Mário Lago) tem, não obstante, obra esquecida ou relegada a segundo plano. Negro e de origem modesta, o compositor obteve pleno sucesso em sua vida profissional e pessoal - ao contrário da maioria dos sambistas de sua geração, o que lhe rendeu certa desconfiança dos arautos do fracasso, tão comuns no Brasil de todos os tempos... (para uma boa biografia do autor, cliquem aqui ou aqui)

Nascido em minúscula cidade da zona da mata mineira, colocou-a no mapa com o o clássico Meus Tempos de Criança e foi o primeiro negro a fazer sucesso na música brasileira, rompendo barreiras seculares (alguns de seus discos estão disponíveis para download aqui e aqui). Dois de seus sambas ganharam telas homônimas do grande pintor José Pancetti, um dos maiores modernistas brasileiros e autor de espetaculares marinhas. Infelizmente não encontrei as imagens e respectivas canções, mas me lembrei do "post conjunto" feito pela Anne e o Tapadinhas (vejam e leiam aqui).


Ai, que saudades da Amélia (Ataulfo Alves e Mário Lago)

Nunca vi fazer tanta exigência
Nem fazer o que você me faz
Você não sabe o que é consciência
Nem vê que eu sou um pobre rapaz
Você só pensa em luxo e riqueza
Tudo o que você vê, você quer
Ai, meu Deus, que saudade da Amélia
Aquilo sim é que era mulher

Às vezes passava fome ao meu lado
E achava bonito não ter o que comer
Quando me via contrariado
Dizia: "Meu filho, o que se há de fazer!"
Amélia não tinha a menor vaidade
Amélia é que era mulher de verdade



Abaixo um mix de obras de Ataulfo (com o cantor Noite Ilustrada) e a linda Meus Tempos de Criança.






ATUALIZAÇÃO (04/05/09 às 10:30 hs.) BY CORA

"Sei que vou morrer não sei o dia/Levarei saudades da Maria/Sei que vou morrer não sei a hora/Levarei saudades da Aurora/
Eu quero morrer numa batucada de bamba/Na cadência bonita do samba/
Mas o meu nome ninguém vai jogar na lama/Diz o dito popular/
Morre o homem, fica a fama"...

O cancioneiro de Ataulfo Alves é vasto (cerca de 400 (!) músicas gravadas). Entre suas composições, em geral sambas com temáticas de dor de cotovelo em uma visão bem masculina, consta, além do emblemático Ai que Saudade da Amélia – a mulher que achava bonito não ter o que comer (francamente! rs); Atire a Primeira Pedra; Você Passa, Eu acho Graça (com Carlos Imperial); Infidelidade; A Você; a bonita Fenix (com Aldo Cabral); Vai, vai mesmo; Errei, Erramos (com Arthur Vargas Jr) regravados recentemente. E ainda pérolas como Você é o meu Xodó (com Wilson Batista), Mulata Assanhada e Na Cadência do Samba (com Paulo Gesta).

Seu parceiro, Mário Lago, declarou certa vez: "O samba de Ataulfo tem um negócio qualquer. Parece mineiro andando no meio da estrada, meio fingindo que não quer ir, e indo. Tem um balancinho gozado, diferente, como mineiro na estrada".

(familiar a descrição típica do modo mineirim, não?)

PS: As músicas Pois é e Lagoa Serena foram inspirações para as obras do pintor citado, José Pancetti, em homenagem ao grande compositor Ataulfo Alves.


Thanks, Cora!