No Natal postei uma Folia de Reis muito conhecida (vejam aqui) e me surpreendi com alguns comentários que não associavam a música com o período natalino. Causa-me ainda mais surpresa (e espanto) a velocidade com que tradições centenárias se perdem no Brasil.
"Folia de Reis é um festejo de origem portuguesa ligado às comemorações do culto católico do Natal, trazido para o Brasil ainda nos primórdios da formação da identidade cultural brasileira, e que ainda hoje mantém-se vivo nas manifestações folclóricas de muitas regiões do país.
Na tradição católica, a passagem bíblica em que Jesus foi visitado por reis magos, converteu-se na tradicional visitação feita pelos três "Reis Magos", denominados Melchior, Baltazar e Gaspar, os quais passaram a ser referenciados como santos a partir do século VIII.
Na cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas tocando músicas alegres em louvor aos "Santos Reis" e ao nascimento de Cristo; essas manifestações festivas estendiam-se até a data consagrada aos Reis Magos. Trata-se de um tradição originária de Portugal que ganhou força especialmente no século XIX e mantem-se viva em muitas regiões do país, sobretudo nas pequenas cidades dos estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Goiás, dentre outros.
No Brasil a visitação das casas, que dura do final de dezembro até o dia de Reis, é feita por grupos organizados, muitos dos quais motivados por propósitos sociais e filantrópicos. Cada grupo, chamado em alguns lugares de Folia de Reis, em outros Terno de Reis, é composto por músicos tocando instrumentos, em sua maioria de confecção caseira e artesanal, como tambores, reco-reco, flauta e rabeca (espécie de violino rústico), além da tradicional viola caipira e da acordeon, também conhecida em certas regiões como sanfona, gaita ou pé-de-bode.
Além dos músicos instrumentistas e cantores, o grupo muitas vezes se compõe também de dançarinos, palhaços e outras figuras folclóricas devidamente caracterizadas segundo as lendas e tradições locais. Todos se organizam sob a liderança do Capitão da Folia e seguem com reverência os passos da bandeira, cumprindo rituais tradicionais de inquestionável beleza e riqueza cultural.
As canções são sempre sobre temas religiosos, com exceção daquelas tocadas nas tradicionais paradas para jantares, almoços ou repouso dos foliões, onde acontecem animadas festas com cantorias e danças típicas regionais, como catira, moda de viola e cateretê. Contudo ao contrário dos Reis da tradição, o propósito da folia não é o de levar presentes mas de recebê-los do dono da casa para finalidades filantrópicas, exceto, obviamente, as fartas mesas dos jantares e as bebidas que são oferecidas aos foliões.
Em algumas regiões as canções de Reis são por vezes ininteligíveis, dado o caos sonoro produzido. Isto ocorre quase sempre porque o ritmo ganhou, ao longo do tempo, contornos de origens africanas com fortes batidas e com um clímax de entonação vocal. Contudo, um componente permanece imutável: a canção de chegada, onde o líder (ou Capitão) pede permissão ao dono da casa para entrar, e a canção da despedida, onde a Folia agradece as doações e a acolhida, e se despede." [Extraído daqui]
O melhor video que encontrei no YouTube sobre o tema não pode, infelizmente, ser incorporado ao blog. Mas pode ser assistido aqui. Também encontrei algumas letras das músicas (aqui).
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terça-feira, 6 de janeiro de 2009
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
PRESENTE DE NATAL (3)
Como falei no primeiro da série, gosto muito de canções natalinas e é pacífico que algumas magníficas tenham ficado fora desta seleção. A terceira e úlima é, certamente, muito conhecida; talvez não como música natalina. Mas é assim que a vejo: Cálix Bento (folclore mineiro) é uma legítima Folia de Reis, tradição de origem hispânica, trazida para cá ainda nos primórdios da colonização portuguesa.
Belíssima tradição, ainda presente nos rincões de Minas e em alguns poucos lugares de Goiás e da Bahia. Os cantadores visitam as casas durante todo o mês de dezembro até o Dia de Reis (6 de janeiro). Ao invés de, a exemplo dos Reis Magos, levarem presentes; os recebem dos donos das casas visitadas, para que sejam posteriormente doados.
É bom que se registre: a canção, de domínio público, foi na verdade salva do completo ostracismo por Milton Nascimento, que a gravou e Tavinho Moura, que a recolheu e a quem conheci pessoalmente em Diamantina.
No primeiro vídeo, Tavinho conta como fez a adaptação. No segundo, a dupla Pena Branca e Xavantinho (de certo modo, também resgatados por Nascimento) a cantam.
Belíssima tradição, ainda presente nos rincões de Minas e em alguns poucos lugares de Goiás e da Bahia. Os cantadores visitam as casas durante todo o mês de dezembro até o Dia de Reis (6 de janeiro). Ao invés de, a exemplo dos Reis Magos, levarem presentes; os recebem dos donos das casas visitadas, para que sejam posteriormente doados.
É bom que se registre: a canção, de domínio público, foi na verdade salva do completo ostracismo por Milton Nascimento, que a gravou e Tavinho Moura, que a recolheu e a quem conheci pessoalmente em Diamantina.
No primeiro vídeo, Tavinho conta como fez a adaptação. No segundo, a dupla Pena Branca e Xavantinho (de certo modo, também resgatados por Nascimento) a cantam.
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