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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

HAPPY DAY (ATUALIZADO)

A quem achou (como euzinho mesmo) que essa brincadeira não duraria sequer uns poucos meses, informo que já é o terceiro Natal que juntos passamos aqui neste chalezinho nas montanhas... Tenho escrito bem menos, é verdade, mas continuo escrevendo só o que penso e quero.

E como já é "tradição", no Natal comemoro com músicas natalinas, pelas quais tenho especial apreço. Mas ô mineirinho doido, diriam os leitores mais atentos, esta música aí é de batizado e não de Natal! Sim; mas não me importa: já em 2008 uma das canções escolhidas foi "Cálix Bento" (vejam aqui), do nosso folclore e da Folia de Reis, origem das nossas comemorações de Natal. Ano passado escolhi três Ave-Maria, pouco conhecidas, mas não menos belas (vejam aqui). Este ano a escolha recaiu sobre um antigo hino religioso inglês (consta ser de meados do século XVIII), re-arranjado por um regente de coro de igreja americano, chamado Edwin Hawkins

Oh Happy Day! não é uma canção qualquer. Foi a primeira canção gospel (no sentido americano do gênero) a atingir o topo das paradas e estabeleceu uma espécie de padrão para os coros religiosos, sobretudo aqueles formados por congregações negras e de bairros pobres como o Harlem, em New York. Lá como cá o sincretismo produziu as melhores obras de arte e, nesse caso em particular, a música negra alcançou a condição divina que sempre mereceu. Os ouvidos mais atentos perceberão certa semelhança com "My Sweet Lord", de Harrison, da qual é anterior (a gravação original é de 1967 e o hit parade de 1969). Mas é só do ponto de vista harmônico, não constitui plágio (inclusive porque a canção é de domínio público)...


Para cantá-la há que se ter voz: potente, "metalizada",  geralmente de uma negona do "balaio grande", como dizia Caymmi... Na gravação original cantou Dorothy Morrison, que posteriormente se lançou em carreira solo, sem nunca obter o mesmo sucesso. Depois de ouvir dezenas de versões fiquei com esta do "Quebec Celebration Gospel Choir", tendo  Fernande Angers como solista e Sylvie Desgroseilliers como solista convidada. Não tenho maiores informações sobre elas mas, apesar de não serem "negonas do balaio grande", cantam muito bem.


"He taught me how fight and pray and when Jesus washed he washed my sins away..."


Boas festas, Natal e Ano Novo a todos!


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ATUALIZAÇÃO (26/12/10 às 18:30 hs.)

Achei que a referência a um possível plágio de George Harrison fosse causar alguma polêmica com os muitos leitores beatlemaníacos desse bloguinho, mas parece que eles ainda estão ouvindo bells, depois de tanto vinho... rss

Na verdade foi o próprio Harrison que usou, como argumento de defesa, ter se inspirado no hit gospel e não na cançoneta "He's So Fine", gravada pelo grupo The Chiffons e sua autora, Jody Miller. Não entrarei no mérito: quem quiser pode tirar suas próprias conclusões ouvindo a musiqueta (aqui). Fato é que Harrison perdeu a disputa vindo, mais tarde, a comprar os direitos da reclamante, não sem antes esculhambar a justiça americana (aqui).

Mas o que interessa aqui é o contexto no qual a canção de Harrison foi composta e o era de crescente busca pela "espiritualização", o que se refletiu, inclusive, na chamada cultura pop no início dos anos 70. No caso específico de "My Sweet Lord", apontando para o hinduísmo, mas com evidente conotação cristã. E, como afirmado, dentro de um contexto de inúmeros "hits" com temática religiosa e além, no que ficou conhecido como "Jesus movement"...

Reuni algumas dessas canções para ilustrar: com Billy Preston, para quem a canção foi originalmente composta e num show em homenagem ao ex-beatle já falecido, My Sweet Love (Harrison), 1970. Com Cat Stevens, um antigo hino religioso, em gravação com a participação de Rick Wakeman, Morning Has Broken (Traditional/ Eleanor Farjeon), 1972. Com os The Doobie Brothers, outra típica gospel song, em hard rock version, Jesus Is Just Alright (Arthur Reid Reynolds), 1972. Para terminar, do mega sucesso da Broadway. "Jesus Christ Superstar", I Don't Know How To Love Him ( Andrew Lloyd Webber/Tim Rice), 1973, na linda voz de Yvonne Elliman.


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quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

GRATIA PLENA

Os prezados amigos que acompanham há mais tempo esses chalezinho sabem que seu autor gosta bastante de canções natalinas (veja-se aqui, por exemplo). Mais do que as belas melodias ou mensagens me atrai, não obstante, a história das canções, reveladora de tradições e heranças culturais muitas vezes esquecidas ou mesmo escondidas.

O "repertório" de Natal inclui, em geral, canções escritas com esta finalidade, além de cantigas adaptadas do folclore de cada cultura e peças de caráter eminentemente religioso. Nada mais justificado, portanto, que façam parte desse elenco as tradicionais "Ave Marias", ainda mais tratando-se da festa da natividade...

Curiosamente várias dessas composições não foram originariamente escritas para o Natal, algumas nem mesmo tinham inspiração religiosa. As duas mais conhecidas são as do compositor francês Charles Gounod (1818-1893) e do alemão Franz Schubert (1797-1828). A primeira é, na verdade, uma melodia superposta ao "Prelúdio Nº 1 em Dó Maior" do alemão J.S. Bach (1685-1750), um tipo de composição de livre temática. Já a segunda ("Ellens dritter Gesang" ou, em inglês, "Ellen's third song") foi escrita inspirada no poema épico "The Lady of the Lake", do inglês Walter Scott.

Escolhi, para ilustrar essa postagem, três composições menos conhecidas, mas nem por isso menos belas: as "Ave Marias" de Biebl, Cassini/Vavilov e Mascagni. Curioso haver aspectos nas biografias dos três que desautorizariam a interpretação de serem compositores dedicados à música sacra. Biebl foi soldado do exército nazista e esteve preso em um campo de concentração até 1946. Contra Caccini pesam acusações de que publicou como suas obras de outros autores e participou intensamente de intrigas palacianas medievais. Mascagni, por sua vez, era fascista declarado e chegou a compor uma ópera em homenagem a Mussolini. Claro, nada disso tem implicações de qualquer natureza quanto à qualidade e, principalmente, à beleza de suas obras...

O alemão Franz Biebl (1906-2001) compôs principalmente para coro. Sua Ave Maria, de 1964, ganhou popularidade depois de ser gravada pelo prestigiado grupo vocal americano Chanticleer. Originalmente escrita para vozes masculinas, encantei-me com essa versão para coro feminino, da qual não tenho maiores informações (suponho que seja de algum país do leste europeu). Lindíssima:




Bem mais conhecida que a anterior, mas também de popularidade recente é a obra atribuída ao italiano Giulio Caccini (1561-1618). Publicada em 1972 pelo compositor russo Vladimir Vavilov (1925-1973) - como "composição anônima" - ganhou o grande público com a gravação da cantora letônia Inessa Galante. Entre as dezenas de versões disponíveis na web escolhi a que segue, com a impecável soprano sul-coreana Sumi Jo:




Um pouco mais antiga, mas ainda recente, é a composição do italiano Pietro Mascagni (1863-1945). Novamente uma peça escrita para o repertório profano, o intermezzo da ópera "Cavalaria Rústica", acabou ganhando contornos definitivos nos versos da oração. Escolhi esta versão com o famoso cantor espanhol (thanks, MR) Plácido Domingo e a cantora norueguesa Sissel. Reparem que a emoção não poupa nem o experimentado tenor:  


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ATUALIZAÇÃO (26/12/09 às 11:10 hs)

ATÉ A "MERCANTILIZAÇÃO" DO NATAL JÁ FOI MAIS CRIATIVA
Em tempos de anúncios gritados de eletrodomésticos e sorteios de carrões em shoppings chegam a dar saudade alguns jingles de Natal do passado. Vão aí 3 deles:

MARCAS DO QUE SE FOI
Todos devem lembrar-se desse spot, que esteve associado à mensagem institucional da Rede Globo de Televisão durante muitos anos. Apesar de um tanto breguinha a melodia é agradável e difícil de esquecer. A autoria é dos "famosos" Roberto Pera e Flecha e a gravação original de Os Incríveis:



A ESTRELA DA VARIG 
Todos com mais de 30 anos devem conhecer o mais famoso e duradouro jingle de Natal da história da propaganda brasileira. Escrita por Caetano Zamma, um dos integrantes do grupo paulista da Bossa Nova, no início dos anos 60 o spot, feito inicialmente para o rádio, sobreviveu até a extinção da empresa, em meados dos anos 90. A gravação original é da cantora Clélia Simone:



JINGLE DE NATAL DE CHICO BUARQUE
Se os dois anteriores são reconhecidos por todos, o mesmo não deve acontecer com este jingle escrito por Chico em 1968, encomendado por uma imobiliária paulista. A peça rendeu um disco promocional distribuído pela imobiliária aos seus clientes:


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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

PRESENTE DE NATAL (3)

Como falei no primeiro da série, gosto muito de canções natalinas e é pacífico que algumas magníficas tenham ficado fora desta seleção. A terceira e úlima é, certamente, muito conhecida; talvez não como música natalina. Mas é assim que a vejo: Cálix Bento (folclore mineiro) é uma legítima Folia de Reis, tradição de origem hispânica, trazida para cá ainda nos primórdios da colonização portuguesa.

Belíssima tradição, ainda presente nos rincões de Minas e em alguns poucos lugares de Goiás e da Bahia. Os cantadores visitam as casas durante todo o mês de dezembro até o Dia de Reis (6 de janeiro). Ao invés de, a exemplo dos Reis Magos, levarem presentes; os recebem dos donos das casas visitadas, para que sejam posteriormente doados.

É bom que se registre: a canção, de domínio público, foi na verdade salva do completo ostracismo por Milton Nascimento, que a gravou e Tavinho Moura, que a recolheu e a quem conheci pessoalmente em Diamantina.

No primeiro vídeo, Tavinho conta como fez a adaptação. No segundo, a dupla Pena Branca e Xavantinho (de certo modo, também resgatados por Nascimento) a cantam.



quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

PRESENTE DE NATAL (2)

A segunda música da série não deve ser muito conhecida, mas não é menos bela que a anterior. Canto Catalão de Natal é canção do folclore da Catalunha, sobre a qual não conheço as origens, mas posso contar como chegou até a mim.

Em Divinópolis, cidade da região central de Minas, um certo Frei Joel ensinou a música a meninos que integravam o Coral Pequenos Cantores da Cruz de São Damião. Anos mais tarde, em 1982, alguns deles formaram o grupo AdCanto e gravaram a canção, entre outras preciosidades. A banda, com músicos virtuosos e multiinstrumentistas (e arranjos vocais primorosos) dissolveu-se pouco tempo depois, mas boa parte de seus integrantes ainda hoje mantém suas carreiras, a exemplo de Jairo Lara, saxofonista de primeira linha da música mineira.

Lembro-me que, mais ou menos na mesma época, eu e alguns amigos, curiosamente, também ensinamos a mesma música para um coral de Belo Horizonte. Não tenho notícia de que tenha havido algum efeito multiplicador... Cliquem abaixo para ouvir a canção, adaptada pelo AdCanto - Jairo Lara (guitarra, voz, violão e flauta), Lemão (bateria, percussão e voz), Lou Petrus (violão, violino e voz) e Kiko Lara (baixo, violoncelo).


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Para escutar outra canção do grupo cliquem aqui.
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terça-feira, 23 de dezembro de 2008

PRESENTE DE NATAL (1)

Gosto muito de canções natalinas. Por isto mesmo não consigo escolher apenas uma e fiz pequena seleção com 3 das que mais gosto. Espero postá-las em série, de hoje até o dia de Natal, e começo com um clássico de Irving Berlin, White Christmas. Aqui na voz de Bing Crosby, em bela sequência de um filme antigo.


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Esta belíssima canção de Natal recebeu uma versão em português, feita por Marino Pinto (parceiro, entre outros, de Jobim) que, creio, merece registro, pela delicadeza e inspiração.

Natal Branco (Irving Berlin - Versão: Marino Pinto)
Lá fora a neve cai cedo/Festejo a noite de Natal/Os pinheiros brancos de neve/São como torres de uma catedral/Lá onde a neve sempre cai/Ou sob a lua tropical/O Natal é sempre oração/Oração de Paz Universal.