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quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

BARACK HUSSEIN OBAMA

É o nome completo do negão que acaba de tomar posse como o 44º presidente americano, e que fez questão de assim ser chamado, sem começar seu governo fazendo concessões demagógicas.

Não pretendia abordar a cerimônia de posse, já ultra-explorada pelos meios de comunicação e sobre a qual não teria muito a acrescentar (sobre a eleição de Obama, já havia me pronunciado, aqui). Mas mudei de idéia a partir de observações de duas blogueiras amigas, ambas talentosas jornalistas, Luciana G e Denise do Egito. A última chamou a atenção para o discurso de posse, que considerou bom demais para ser verdade e a primeira, além de ressaltar os gravíssimos problemas colocados ao novo presidente, sublinhou a magnífica participação da cantora Aretha Franklin na cerimônia.

Seguem trechos selecionados do discurso, com tradução de André Fontenelle para a Revista Época (leiam na íntegra aqui e o original em inglês aqui). Na sequência, o vídeo com a canção. Luciana tem razão, a rainha do soul cantou como quem faz uma pequena prece...

"É bem sabido que estamos no meio de uma crise. Nossa nação está bastante enfraquecida, uma consequência da ganância e da irresponsabilidade de alguns, mas também da nossa incapacidade coletiva de tomar decisões difíceis e preparar a nação para uma nova era. Lares foram perdidos; empregos foram cortados; empresas destruídas. Nossa saúde é cara demais; nossas escolas deixam muitos para trás; e cada dia traz novas evidências de que a forma como usamos a energia fortalece nossos adversários e ameaça nosso planeta.

Hoje eu lhes digo que os desafios diante de nós são reais. São sérios e são muitos. Eles não serão superados facilmente ou num curto período de tempo. Mas saiba disso, América: eles serão superados. (aplausos)

Ainda somos uma nação jovem, mas, nas palavras das Escrituras, chegou a hora de acabar com as coisas de menino. Chegou a hora de reafirmar nosso espírito resistente; de optar pela nossa melhor história; de levar adiante esse dom precioso, essa nobre ideia, passada de geração em geração: a promessa divina de que todos são livres, todos são iguais e todos merecem a chance de lutar por sua medida justa de felicidade.

Para onde quer que olhemos, há trabalho a fazer. O estado da economia exige ação, ousada e rápida, e nós vamos agir – não apenas para criar novos empregos, mas para estabelecer novas fundações para o crescimento. Construiremos as estradas e pontes, as linhas elétricas e digitais que alimentam nosso comércio e nos unem. Recolocaremos a ciência em seu devido lugar, e usaremos as maravilhas da tecnologia para elevar a qualidade de nosso atendimento de saúde e reduzir seu custo. Usaremos o sol, os ventos e o solo para abastecer nossos carros e fazer funcionar nossas fábricas. E transformaremos nossas escolas e universidades para atender as exigências de uma nova era.

A questão que se deve perguntar hoje não é se o governo é grande demais ou pequeno demais, mas se funciona – se ajuda as famílias a encontrar empregos com salários decentes, assistência que possam pagar, aposentadorias dignas. Onde a resposta for sim, nossa intenção é seguir em frente. Onde a resposta for não, os programas serão cortados. E aqueles que administram os dólares da população terão que assumir suas responsabilidades: gastar com sabedoria, mudar os maus hábitos, fazer negócios à luz do dia.

Quanto à nossa defesa comum, rejeitamos como falsa a escolha entre nossa segurança e nossos ideais. Nossos pais fundadores, diante de perigos que mal conseguimos imaginar, elaboraram uma carta para assegurar o império da lei e os direitos do homem, uma carta difundida pelo sangue de gerações. Esses ideais ainda iluminam o mundo, e não vamos abandoná-los em nome da praticidade.

Começaremos de forma responsável a deixar o Iraque para seu povo, e forjaremos uma paz duramente conquistada no Afeganistão. Com velhos amigos e ex-inimigos, trabalharemos incansavelmente para reduzir a ameaça nuclear e fazer recuar o espectro de um planeta em aquecimento.

Ao mundo muçulmano: buscamos uma nova trilha adiante, baseada em interesses mútuos e respeito mútuo. Àqueles líderes mundo afora que buscam semear o conflito, ou pôr no Ocidente a culpa pelos males de suas sociedades: saibam que o povo os julgará por aquilo que vocês podem construir não pelo que vocês destruírem. Àqueles que se agarram ao poder por meio de corrupção e trapaças, e que silenciam opositores: saibam que vocês estão do lado errado da história; mas que estendermos a mão se vocês estiverem dispostos a descerrar seus punhos.

Aos povos das nações pobres: comprometemo-nos a trabalhar ao lado de vocês para que suas fazendas floresçam e águas limpas possam fluir; para alimentar corpos esfomeados e mentes famintas. E àquelas nações como a nossa, que gozam de relativa abundância, dizemos que não podemos mais aceitar a indiferença ao sofrimento fora de nossas fronteiras; nem podemos consumir os recursos do mundo sem pensar nos efeitos disso.

Este é o significado de nossa liberdade e de nosso credo - razão pela qual homens, mulheres e crianças de todas as raças e religiões podem reunir-se em celebração nesta magnífica avenida, e a razão pela qual um homem cujo pai, menos de 60 anos atrás, não poderia fazer um pedido num restaurante local, pode agora comparecer diante de vocês para prestar um sacratíssimo juramento."

Um breve comentário:

Sim, Denise. Discursos são apenas meras palavras. Mas o presidente americano não inovou neste; já havia dito tudo isto em campanha, já havia se comprometido com este ideário e com esta plataforma. Reafirmou-os! E ainda que sejam apenas palavras, tem naquele país muito mais importância que em outros, cujas instituições menos sólidas comportam melhor a falta de ética e de decoro. Se é uma questão de fé? Bem, a primeira medida anunciada pelo novo governo foi no sentido de desmontar as prisões militares mantidas pelos EUA no exterior, inclusive em Cuba.

Mais que isto, há inequívocos sinais de uma pretensa nova política na área externa e na área social. Em marcos bem diferentes do que funcionaram nos últimos 8 anos.No campo econômico permanecem dúvidas, mas é natural diante da impossibilidade objetiva de se anunciar, por antecipação, medidas que antecipadas perderiam sua eficácia.

Sim, Luciana. Os desafios são hercúleos (ou bíblicos) e parecem-me temerários quaisquer prognósticos. Mas o fato de o presidente demonstrar capacidade para percebê-los, inclusive em sua dificuldade de superação, quer me sugerir que trata-se de alguém extremamente capacitado para o cargo. Em outro discurso, na mesma noite, foi mais enfático:

"Enquanto estamos aqui esta noite, sabemos que há americanos valentes que acordam nos desertos do Iraque e nas montanhas do Afeganistão para dar a vida por nós.

Há mães e pais que passarão noites em claro depois que as crianças dormirem e se perguntarão como pagarão a hipoteca ou as faturas médicas ou como economizarão o suficiente para a educação universitária de seus filhos.

Há novas fontes de energia para serem aproveitadas, novos postos de trabalho para serem criados, novas escolas para serem construídas e ameaças para serem enfrentadas, alianças para serem reparadas.

Haverá percalços e passos em falso. Muitos não estarão de acordo com cada decisão ou política minha quando assumir a presidência. E sabemos que o Governo não pode resolver todos os problemas." (leiam tradução completa aqui)

E Luciana, não há o que pague ver aquelas 2 milhões de pessoas, a maioria negra, suponho; fervendo no gelo...



My Country 'Tis of Thee (David Crosby)

My country 'tis of thee
Sweet land of liberty
Of thee I sing
Land where my fathers died
Land of the pilgrim's pride
From every mountainside
Let freedom ring
Let freedom ring
Let it ring...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

"I HAVE A DREAM..."



A apenas um dia das eleições, os mais recentes levantamentos indicam uma margem de cerca de 10% entre o democrata Barack Obama e o republicano John McCain, em favor do primeiro. Traduzido em votos no "colégio eleitoral", Obama lidera em 6 de 8 Estados-chave.

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Os anti-americanistas podem chiar à vontade, mas aquele país, a despeito de seus muitos defeitos, é uma verdadeira NAÇÃO.
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ATUALIZAÇÃO (04/11/08 às 11:15 hs.)
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Iniciado o processo de votação, vai aqui um pouco do feeling do blogueiro:
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1- Comparecimento recorde pode significar vitória acachapante de Obama, bem maior que os 11 pontos percentuais previstos.
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2- O uso das chamadas "novas mídias" parece ter entrado definitivamente para o jargão eleitoral. Já ouviram falar em "micro-targeting"? Pois é ao bom uso da internet que alguns analistas explicam a provável vitória de Obama.
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THE SITUATION ROOM (04/11/08 às 20:45 hs.)
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1- Enquete da rede de televisão CNN apontou que 63% dos que acham o Iraque o principal problema dos EUA, votou em Obama. Não tenho mais qualquer dúvida de sua vitória e acho que vai ser de lavada, quase tão grande quanto à enquete feita pelo MR.
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2- A candidata a vice republicana, Sarah Pailen, disse que espera acordar vice eleita. Tirando o aspecto bela adormecida maluquete, até que a Sarinha ainda dá um bom caldo, heim?
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3- Os resultados finais devem ser divulgados no fim da noite. Se eu ainda estiver acordado e tiver saco, volto para uma atualização final.
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AND THE WINNER IS... (05/11/08 às 1:45 hs.)
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Acabam de ser divulgadas projeções razoavelmente confiáveis do resultado das eleições americanas. Conforme esperado, Obama deve vencê-las com expressivas margens, resultando boa folga no colégio de delegados (mais de 340 votos) e ainda na Câmara e no Senado.
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Depois de empossado, podem acontecer os mais variados desdobramentos; será outro capítulo, serão outros quinhentos. Pode, por exemplo, passar para a História como o presidente que pilotou corretamente os EUA numa importante crise financeira e na reorganização econômica em escala planetária. Pode contribuir, decisivamente, para a revalorização dos direitos humanos e reduzir o inaceitável racismo lá e no resto do mundo. Ou pode ser apenas mais um presidente, da longa lista de quarenta e bordoada. Pode até, e inclusive, ser um péssimo presidente e frustrar todas as esperanças nele depositadas pelos cidadãos americanos. Se isto ocorrer, não será o primeiro...

Me dediquei a esse assunto aqui, de forma talvez incomum, porque não creio que tenha apenas sido a vitória de mais um presidente (o quadragésimo quarto, salvo engano), de forma democrática, nos EUA. Nem apenas a vitória de mais um (o vigésimo, acho) democrata. Sequer que tenha sido só a vitória do primeiro negro. Mas, um momento histórico.
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Nesse momento, e sem saber o que o futuro nos reserva, creio que foi uma espetacular vitória da democracia, como forma de governo. Uma emocionante vitória da civilização. E, de certo modo, uma vitória da humanidade, tendo o povo americano como principal ator.

Coisa muito muito rara. Enjoy it!